'LAVRA DOR'

Ele anda na estrada com pedras nos bolsos. Vida chamuscada pelo cansaço. Vários chapéis de palha amoldurando o sol diário. Sem erários nas estradas pegajosas e íngremes...

Andar descalço colando sonho na matéria. Anzóis na artéria sustentam-lhe caído.  Cultivando cafeínas no olfato. Ele pensa no asfalto, mas lembra das feras que se matam. E diz que a vida é grande valia...

Ele crescera ser bicho-do-mato. Povos reprimidos, hereditariedade é trabalho. Sem estradas, esquecidos nos campos em transformação. Ele é colheitas sem afixos, asfixiando o pedaço da ínfima terra...

Quisera a chuva de grãos dos céus caíssem. Mas a pouca terra é sinônimo de capim. Na casa esperam os curumins, sem água para paliar sonhos. Absorvendo o calor do sertão, sem sonho nas mãos, desconhecidos...

Essa é a vida: sem traços, evaporação, enxurrada nos escombros. Sou Sertão. Carrego dignidade e peso nos ombros! Arraigando morfina nos dias que virão. A plantação é desprovida, colheita bagatela...

Sem polonização e força na história. Nenhuma ou pobre transformação. Cultivando veneno nas células. Jovens lavradores perpetuarão. Com estigma e nobre coração. Simples homem do campo...

--- Risomar Silva ---



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