'NASCIMENTO'

Noite turva. Frio na espinha. À Pátria mãe clamava para mais uma ronda. Trabalho em círculo, andar cansativo, mas significante na época...
Tinhas olhar de tubarão. Serras pontiagudas,

escorpião. Dissestes tantas coisas vãs. Não eras soldado, mas capitão, metralhando hediondos adjetivos p'ra uma vida toda...
Ser um merda, um porco,

ou um bosta, tem significância no tempo. Acolhi o que dissestes para crescimento. E cresci infindavelmente, não sabes o bem que fizestes...
Não tinha asas, e mostrastes o infinito.

Sem forças, colocastes um gigante nas palmas das mãos. Houveram milhares de noites, e inspirei-me apenas naquela...

Lembro quando verbalizavas que 'nunca conseguiria',

que 'era um fracassado'. Não sabes o quanto, o quanto me levantastes, naquelas palavras bem colocadas...
Engraçado!

Teu nome de guerra era 'Nascimento'.
Mal sabias que, era eu quem renascia a cada palavra adjetivada, olhando hoje para tua imagem com mãos ainda em formato de 'descansar'...
Eras grande no momento para que eu galgasse o infinito.

Obrigado pelo nascimento, caro irmão 'Nascimento'. A vida dá voltas, e o tempo nos ensina maravilhas....

--- Risomar Sírley da Silva ---