'O HOMEM INVISÍVEL'

Escrevi um texto que falava de tempo. Coisa simples. Nada excepcional. Um amigo falou que, o texto era parecido com um livro. Um resumo de um best seller, não sei! Nem lembro o autor. Perdi sono e travesseiro. Inculcado como alguém transparente, que perde idoneidade com pensamentos. No celeiro a vaca come. E no moinho, o senhor do engenho não moi a cana. A deslealdade é íngreme. Mas o coração daqueles que se dizem Valentinianos, a profecia do bem os consomem, dilacerando-os como fogo...

As palavras são ditas, apenas isso! Não devo 'desbotar' o que aflora o coração? Devo e posso fazer isso! Não irei mentir p'ra mim mesmo. Qual o propósito da mentira? Chegar a Montpellier e enclausurar minhas boas condições de turista? Serei patético em pisotear os belos museus e coliseus atemperados pelo tempo salinizado? Serei exímio em perder horas de aclamações e não arrependo-me. P'ra quê tudo isso? Não sou filósofo, escritor, tampouco literário. Tampouco mediador das dores que há nos homens. Mas tenho visibilidade prematura. Criança chorando no colo sem anseios. Sôfrega pelo peito que o alimenta...

Sou alma que jaz a gritar. Sempre sublimando em direção aos abismos que tormentam. Não era mera intenção. Mas devo ser sincero, como a corneta que desequilibra o som dos aplausos. Sempre fui soldado que tem passos mudos, concomitante com as falas do superior Capitão. Amo ser homem invisível. Transfusível. Embalo crianças. Sou latifundiário da emoção. Criador de casas hostis e mulheres prematuras. Ninguém ver ou sabe que existo. Esse é o ápice de se escrever. Saber que não vai se ter premonições com leitores, transferência de dados, simulações...

--- Risomar Sírley da Silva ---

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