'PEDRA'

Quantos se foram e tu ficaste aí intacto. Salvo algumas manchas que ficara com o tempo. Dilacerá-lo ia se as correntezas tivessem te tomado. Mas encontra-te aí: obsceno...

As tantas chuvas que te aclamaram e os milhares de sois que te transgrediram, que fizeste com eles? No teu dilema és tão sublime e passar despercebido é teu cotidiano. É imensidão nas tuas junções que se colocam...

És vigoroso e reflexo da vitalidade que tanto se deseja. Mas sabe-se [ou fingi-se], temos vida curta. Somos sólidos, talvez! Engana-se que a nossa ruína vem com a lápide. Ela está estampada com a vida. Logo ao primeiro choro, encravada em granizos obscuros e cheio de luzes ...

A tua falta de cobiça ou arrependimentos te coloca num patamar que jamais se chegará. O ser humano é tão vil nesse 'limitado tempo' que figurar olhar no pequeno é desperdício. Há certo esquecimento em te agraciar. Não estás jogado sem propósitos ou como te pensam...

Quando te fazemos, és devaneio, limitado, gracioso. Nesse curtíssimo espaço [ora às vezes enorme], precisamos de ti. Com todas as significações possíveis, cheio de esperanças para nos abençoar os olhos e os dias fúteis. Temos inveja de ti, que nos atrapalha o caminho, mas te agradecemos pelo rastro de aprendizado, instigações e ensinamentos...

--- Risomar Sírley da Silva --- 

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